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Transplante capilar: principais técnicas e novidades no tratamento da calvície

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Quando o assunto é calvície, não faltam novidades que prometem pôr fim à queda acentuada dos fios. Aliás, a cada dia, novas técnicas são divulgadas, fazendo com que os consultórios fiquem lotados de pessoas – principalmente homens – em busca de soluções eficientes para a doença. Porém, tanta informação também esconde riscos que podem comprometer os resultados, o bolso e até mesmo a saúde do paciente.

Segundo o cirurgião plástico especialista em microtransplante capilar, Fábio Zamprogno, é preciso muita atenção, pesquisa e orientação médica antes de se submeter a qualquer procedimento, seja ele recém-lançado ou já consagrado na medicina. Afinal, cada um tem suas particularidades, indicações e contraindicações, além de resultados diferentes para cada tipo e grau da calvície.

Atualmente, a técnica mais consagrada é a Follicular Unit Transplantation, ou FUT, utilizada por aproximadamente 95% dos cirurgiões plásticos brasileiros. Na modalidade, uma pequena faixa de couro cabeludo é retirada da parte posterior da cabeça. Em seguida, os folículos capilares são separados, preparados em lupas ou microscópios e implantados na área calva.

De acordo com Zamprogno, nessa técnica toda a equipe cirúrgica, composta em média por sete profissionais, precisa atuar em perfeita harmonia. “As unidades foliculares não podem permanecer fora do organismo humano por muito tempo, pois podem desidratar e comprometer o resultado da cirurgia. Por isso, é fundamental que, enquanto a equipe separa as unidades foliculares, o cirurgião já esteja implantando os cabelos, aspecto que também agiliza e diminui o tempo total do procedimento”, explica.

A cicatriz resultante é uma “linha” na região posterior do couro cabeludo, que fica escondida pelos cabelos e só é vista ao levantá-los com um pente. Vale ressaltar que a FUT é indicada para pacientes de graus 2 a 6 de calvície, que já apresentem entradas acentuadas, rarefação e falhas. A cirurgia possibilita maior aproveitamento dos fios retirados e transplantados, garantindo um resultado mais satisfatório, já que os que “pegarem” na área receptora não cairão mais. Além disso, o pós-operatório é rápido: de cinco a dez dias.

Sem cortes

Outra técnica conhecida, porém menos utilizada, é a Follicular Unit Extraction, ou FUE, que consiste na retirada das unidades foliculares com o auxílio de equipamentos que eliminam a necessidade de cortes. No procedimento, é necessário raspar toda a área do couro cabeludo doadora de fios e realizar diversos furos na região para que eles sejam removidos. Por isso, as cicatrizes da cirurgia são puntiformes, mas também ficam escondidas pelos cabelos.

Na FUE, todos os folículos devem ser removidos antes de ser iniciada a colocação no couro cabeludo, o que torna o procedimento mais demorado. Além disso, são retiradas menos unidades foliculares do que na FUT, pois é necessário deixar espaço entre um orifício e outro na retirada dos bulbos.

“Em números, na técnica da faixa conseguimos retirar uma média de sete mil fios, pois aproveitamos 100% da faixa doadora, e na técnica FUE não chegamos nem à metade dessa quantidade. Por isso, é indicada apenas para casos específicos, como pacientes de meia idade, com a calvície estabilizada e já sem elasticidade no couro cabeludo após três ou quatro retiradas de faixas com a cirurgia convencional”, aponta Zamprogno.

Novas técnicas: eficientes ou não?

Além da FUE e da FUT, novas técnicas têm surgido e ganhado destaque com promessas que despertaram a curiosidade de quem sofre com a calvície. Conheça a opinião do especialista sobre principais delas:

Células-tronco

“É uma das promessas da medicina e consiste na utilização de células-tronco isoladas da raiz capilar e implantadas em áreas onde não há mais cabelo, estimulando o crescimento dos fios. Porém, ainda está em fases de testes de laboratório e há um longo período entre a confirmação da teoria e o posterior uso clínico do procedimento de fato. Talvez seja uma realidade para depois de 2018”.

Plasma rico em plaquetas

“É obtido a partir do sangue do próprio paciente e injetado nos folículos transplantados com o auxílio de um aplicador. Estudos apontam que a solução nutritiva ajuda a conservar os fios implantados, possibilitando maior ‘pega’ e cicatrização mais rápida. Porém, é mais realizado no exterior e comprovadamente eficaz apenas no fortalecimento dos fios ainda existentes”.

Robótica

“O uso do robô na cirurgia de transplante capilar é uma realidade recente no Brasil. Porém, engana-se quem acha que o procedimento é totalmente realizado eletronicamente. O robô, que consiste em um aparelho com braço mecânico, é responsável apenas pela retirada das unidades foliculares do couro cabeludo, realizando pequenos furos na área doadora, como na técnica FUE. Para todo o restante, o trabalho humano é indispensável, pois é a equipe médica que completa a retirada das unidades foliculares da área doadora e implanta na área calva. As perfurações realizadas pelo robô são também um pouco maiores do que as realizadas pelo cirurgião na técnica FUE manual ou com aparelho motorizado. O robô é programado e conduzido pelo cirurgião, que estará sempre presente no ato cirúrgico e será o responsável pelo paciente. Por questões de posicionamento da cabeça do paciente, a retirada nas laterais fica dificultada pelo sistema robótico. Também é necessário raspar toda a cabeça do paciente submetido a este procedimento tal como na técnica FUE quando feita sem o robô”.

Mesoterapia com minoxidil

“O minoxidil é um princípio ativo que nutre e estimula o crescimento dos fios, prolongando a vida das unidades capilares comprometidas pela calvície. Na mesoterapia, essa substância é aplicada no couro cabeludo. Mas o procedimento deixa cicatrizes e não apresenta resultados satisfatórios, podendo até piorar o quadro. O mais indicado é o tratamento clínico com loções à base do ativo”.

Latanoprosta e remédio para reumatismo

“Outras substâncias que ganharam repercussão recentemente, sendo apontadas como futuras apostas contra a calvície, foram a latanoprosta, usada na fabricação de colírios; e o Xeljanz, remédio para reumatismo que provocou o surgimento de cabelos em um paciente calvo. Nenhum dos dois têm comprovação científica, sendo necessários mais estudos e testes até que se dê início ao uso clínico com esta finalidade”.

Principais dúvidas dos pacientes

A partir de qual idade posso me submeter ao transplante capilar?

Zamprogno: Dependerá do grau da calvície. Na maioria dos casos, o procedimento é indicado após os 28 anos.

Quanto tempo é necessário entre um procedimento e outro?

Zamprogno: No caso da retirada da faixa (FUT), é preciso aguardar de 10 a 12 meses, para que o couro cabeludo readquira a elasticidade necessária para uma retirada de outra faixa.

Quantas retiradas de faixa são permitidas?

Zamprogno: De três a quatro. Dependerá da elasticidade do couro cabeludo. Quanto mais retiradas, mais cheia fica a área receptora.

Posso implantar o fio longo?

Zamprogno: É possível, mas a cirurgia é muito mais trabalhosa e demorada, pois o fio longo dificulta o procedimento e, consequentemente, menos fios serão implantados. Além disso, os fios longos sofrerão os mesmos efeitos daqueles colocados com a técnica do fio curto, ou seja, cairão após o primeiro mês e só começarão a crescer em torno do terceiro mês. Dessa forma, o custo-benefício não compensa.

Por que os cabelos da parte inferior da cabeça não caem?

Zamprogno: O gene da calvície se manifesta na presença da testosterona, hormônio masculino. No homem calvo, todos os cabelos têm o gene da calvície, porém os da região inferior da cabeça não têm o receptor do hormônio masculino. Portanto, não caem. Os cabelos dessas áreas são utilizados para serem transplantados na área calva, pois geralmente são mais grossos e fortes e, ao serem transplantados, permanecem com suas características.

“É comum recebermos no consultório pessoas que se deparam com uma novidade e logo correm em busca do tratamento. Nesses casos, filtramos, explicamos e indicamos o método que de fato vale a pena, pois cada um terá eficiências e compatibilidades diferentes com cada indivíduo”, finaliza Zamprogno.